...

sábado, 31 de julho de 2010

O próximo que me aproxima

Ser cristão é ser parecido com Jesus, certo? Bem, pelo menos na teoria deveria ser. Mas o que é ser parecido com Jesus? O que é refletir Sua imagem? Como vou me parecer com alguém que nunca vi e que nunca tive contato (fisicamente falando)? Afinal, quem é Cristo?

Na minha opinião, aí esta a grande beleza desafiadora do cristianismo: o fato de que é impossível ver a Cristo senão pelo outro.
Através do meu próximo vejo melhor quem sou, e não "somente" isso, mas vejo melhor quem Deus é!

Uma ótima ilustração sobre esse tema encontra-se no livro "Ensaio sobre a Cegueira" do falecido gênio da literatura, José Saramago.
Numa parte do livro, a única personagem que enxerga em meio a um mundo completamente imerso na cegueira branca, percebe que cada vez menos ela saberá sua própria identidade. Afinal de contas, para enxergar melhor a si mesma, precisa do olhar do outro.
Esse livro é fantástico, se quiser saber mais... leia!!! Recomendo.

Voltando as perguntas iniciais... Como ser igual a Jesus? Ou quem é Jesus?
Perceba que são perguntas aparentemente complexas. Mas penso que na verdade queremos que elas sejam complexas para amenizar a nossa obrigação. Vou explicar:
Se eu entender que Cristo esta manifesto no meu próximo, e que através do meu próximo posso me conhecer melhor, tenho a obrigação de ser menos individualista. Sou obrigado a sair do meu mundo, olhar para os lados, me expor.
Não é muito mais fácil dizer que a pergunta é muito complexa para ser respondida?
Complicar as coisas é uma ótima maneira de deixá-las restritas ao campo das idéias. É como se disséssemos: “se é difícil não tenho a obrigação de praticar”.

Como diz Paulo Brabo em seu livro “Bacia das Almas”, usamos a teologia para assegurar que nos manteremos afastados o suficiente de Jesus, afim de não nos prejudicarmos. A teologia nos mantém a uma distancia segura de Cristo.
O triste é saber que isso é verdade.

O desafio é jogar fora todos os nossos escudos, por mais “apostólicos e proféticos” que sejam.

Será que Jesus está nos nossos encontros, retiros, congressos, conferencias, células, reuniões, cultos, pequenos grupos, discipulados, e afins?
Nós cumprimos a agenda do Reino ou o Reino que têm que cumprir nossa agenda?
Fazemos o que fazemos pelas pessoas ou porquê todos fazem? As programações servem as pessoas ou as pessoas servem as programações?
E a pergunta que não quer calar: Nossas atividades eclesiásticas nos tornaram mais semelhantes a Cristo?

O ativismo religioso nos aproxima ou nos afasta de Deus?

É frustrante, né? Fazemos tanto, e estamos tão longe...

Mas não há motivos para desespero. Deus é extremamente acessível.
Dúvida?
Converse com um menino de rua, com um idoso abandonado, um mendigo, com uma prostituta, um travesti, com um viciado, um aidético...

Para conhecer a Jesus e ser como ele, é simples... ande por aí...
As coisas loucas confundem as sábias...

E ae, vamos dar uma volta?



Nenhum comentário: